O apagão dos contêineres e a crise logística internacional de cargas

A atual pandemia de Covid-19 desde o início vem ceifando, além de inúmeras vida, o bom andamento da economia global. Diversas nações entraram em um intenso período de recessão, principalmente no ano de 2020, e agora estão começando a se reerguer graças ao avanço bem sucedido da vacinação e a queda do número de mortes e de contaminados. É diante dessa perspectiva de progresso, que a reabertura do comércio está contribuindo para o aquecimento do mercado e o aumento, ainda que incipiente, do poder de compra da população.

Entretanto, nem todos os setores acabam acompanhando esse avanço na mesma proporção. Um bom exemplo para elucidarmos essa questão, diz respeito às exportações e importações de produtos. O mercado está aquecido, porém, muitos países não estão conseguindo adentrar esse cenário por conta dos prejuízos logísticos, a falta de contêineres e o alto preço dos frete aplicados hoje em dia, ou seja, mesmo latente, o crescimento da economia mundial não encontra, na logística internacional de cargas, o mesmo patamar de evolução.

Mas antes de descobrir o porquê, se você caiu aqui de paraquedas e não sabe quem nós somos, bem, vou te explicar um pouquinho! A Orbe Consultoria Internacional, é uma Empresa Júnior de Relações Internacionais com o intuito principal de permitir com que empresas como a sua, alcancem o cenário internacional da forma mais descomplicada possível. Estamos presentes no mercado há 17 anos, contribuindo para transformar o desejo de internacionalização em possibilidades reais. Tirar o projeto do papel e de fato alçar voo no comércio internacional é o grande sonho de muitas empresas, concorda comigo? E é para isso que estamos aqui. Nossa essência é ajudar você a impactar!

Bom, agora que eu te contei um quem somos, bora falar um pouco sobre o que está rolando com a crise mundial da logística internacional e de contêineres?

Mas antes… o modal aquaviário

Primeiramente, antes de adentrarmos de fato a situação da crise, é importante salientar como o modal aquaviário de transporte é importante para os processos de importação e exportação. O transporte aquaviário ou marítimo, pode englobar todo o tipo de cargas, desde químicos, combustíveis, alimentos, areias, cereais, minérios, automóveis e até mesmo aviões. A despeito de ser um transporte lento, o modal marítimo é muito utilizado para o transporte de cargas, uma vez que suporta grande quantidade e variedades de produtos, por um custo relativamente baixo, em relação a outros meios de transporte, por exemplo, o aéreo.

Atualmente, existem duas classificações do transporte marítimo, sendo elas:

Cabotagem: pode ser chamado de “Transporte Costeiro”, esse tipo de transporte é realizado apenas entre portos do território nacional.

Internacional: também chamado de “Transporte de Longo Percurso”, essa modalidade de transporte percorre uma distância maior, sendo realizado entre portos nacionais e internacionais.

O apagão de contêineres

As cargas mais comuns que podem ser transportadas por navios são as cargas em contêineres que em sua grande maioria, suportam uma enorme quantidade de mercadorias.

Entretanto, assim como exposto no início, a pandemia acabou prejudicando diversos setores econômicos, e o processo de importação/exportação não ficou de fora. Durante os meses mais críticos do surto de Covid, vários portos tiveram que ser bloqueados, resultando na paralisação de diversos navios que ficaram atracados. Dessa forma, vários contêineres, muitas vezes vazios, ficaram parados em diversos portos espalhados pelo mundo. Porém, com a retomada parcial da economia, a demanda por contêineres elevou-se, contribuindo para que o seu valor de frete também escalasse preços nunca vistos antes. Esse processo ficou conhecido como apagão de contêineres, pois além da elevação dos preços, encontrá-los também ficou difícil.

Nesse cenário de inconstância e da alta demanda, as importações e exportações ficaram bem mais caras. Um exemplo mais prático disso: um transporte da China que custava em torno de US $2.000 dólares, hoje pode valer até US $20.000 dólares. Por conta desse problema, no cenário nacional, vários exportadores brasileiros estão com dificuldade de encontrar contêineres e embarcar as suas cargas. A demanda pelos contêineres é enorme, e o Brasil está longe de conseguir competir espaço com grandes economias mundiais como Estados Unidos e principalmente a China, que utilizam os contêineres em proporções muito superiores às do Brasil. Esse desequilíbrio fez com que o preço do frete disparasse, por exemplo, o frete de um contêiner da China para o porto de Santos, chegou a aumentar 5× mais.

Segundo o Centro Nacional de Navegação Transatlântica, um container que costumava fazer quatro viagens da Ásia para a América, hoje, por conta desse apagão, consegue fazer apenas duas e meia. Países mais ricos do Hemisfério Norte aumentaram a demanda por produtos vindos da China o que gerou um desequilíbrio na movimentação global dos contêineres. Portos fechados e navios em quarentena também contribuíram para o atraso na entrega de mercadorias. Aqui no Brasil, o preço flutuante do dólar também está contribuindo e afetando o valor dos contêineres.

O ritmo de diminuição do preço do frete não acompanha o ritmo da elevação das exportações/importações, portanto, em estimativas otimistas, a crise tende a se estender até o primeiro semestre de 2022, com perspectivas de normalização no segundo semestre do mesmo ano.

Resultados

Aqui no Brasil, diversos setores da indústria foram afetados fortemente. Um grande exemplo relaciona-se com a falta de peças para a indústria automotiva de produção de veículos. Segundo uma entrevista dada ao G1, o presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), Luiz Carlos Moraes, disse que houveram cerca de 11 fábricas de automóveis que ficaram parcialmente ou totalmente paradas por conta desse cenário, diminuindo, consequentemente, o volume de produção doméstico.

O mercado de carne também está sendo afetado. Somos destaque na exportação desse produto e, por conta do aumento no preço de fretes, o mercado interno não está conseguindo acompanhar o aquecimento externo da demanda desse produto. Os exportadores do agronegócio brasileiro estão tentando pressionar o governo a tomar algumas medidas que possam, a longo prazo, beneficiar as exportações do setor, já que por agora o apagão tem afetado muito o mercado interno. Entretanto, o governo ainda segue sem um posicionamento definitivo. É nítido que o caos é global e o governo brasileiro sozinho não poderia sanar esse problema, porém, contar com o seu apoio desde já, seria crucial para, assim que as coisas se estabilizarem completamente, o agronegócio voltar a todo vapor.

Muitas empresas globais, para tentar driblar o preço altíssimo dos fretes, começaram a comprar contêineres. Porém, mesmo assim, o custo não sai nada barato, visto que o preço médio de um contêiner triplicou. Até que se atinja um nível satisfatório de estabilização da logística internacional de cargas, o frete continuará muito caro e o abastecimento de mercadorias ao redor mundo ainda será extremamente prejudicado e complicado. Isso gera impactos inflacionários extremamente relevantes, contribuindo para a diminuição do poder de compra do consumidor e atrapalhando o processo de retomada da economia. O problema ainda pode ser pior caso os Bancos Centrais mundiais elevem seus juros para tentar conter a forte pressão inflacionária ao redor do mundo.

Mas e como fica a Black Friday?

Infelizmente, esse aumento de preço e gastos, acaba influenciando o preço do produto final, afetando diretamente o bolso do consumidor. Com essa crise dos contêineres, a Black Friday, uma das datas mais aguardadas pelos consumidores por conta dos descontos de diversos produtos, está com suas promoções ameaçadas. Isso é reflexo de dois motivos principais: o primeiro diz respeito aos preços dos produtos que naturalmente foram aumentando durante a pandemia, já o segundo, se relaciona à crise dos contêineres, ou seja, o preço já estava mais alto por conta da pandemia, acrescentando a questão do desequilíbrio logístico, o preço sobe ainda mais. Dessa forma, as principais empresas que investem pesado no período da Black Friday, estão com dificuldade de manter os preços competitivos.

Os principais setores que andam sofrendo com o impacto são o de eletrodomésticos e eletrônicos. É nítido perceber como o valor de um notebook, celular ou até mesmo uma máquina de lavar, subiram muito de preço. O que nos resta é torcer e esperar por descontos que valham a pena, porém, caso isso não aconteça, você já tem uma noção do motivo!

Como a Orbe pode te ajudar?

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Fontes: Bahia Econômica | G1 | Jornal de Brasília | Podcast Petit Journal | Portos e Navios