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Suspensão das exportações de carne bovina: entenda o veto da China à carne brasileira

A relação comercial entre Brasil e China há anos vem acompanhada de prósperas evoluções. Não é atoa que a China é considerada a principal parceira comercial do Brasil, influenciando diretamente na balança comercial interna do país. A importância da China é grande dentro do agronegócio brasileiro, que se desenvolve cada vez mais por conta de sua parceria. Além disso, ambos países fazem parte do BRICS, agrupamento formado pelos cinco grandes países emergentes - Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul - que juntos têm como objetivo, o fortalecimento mútuo através da cooperação.


De acordo com o site ComexStat, os cinco produtos mais exportados para China, no período de janeiro a dezembro de 2019, foram: soja, óleos brutos de petróleo, minério de ferro, celulose e, por fim, carne bovina. Este último representou, em valor FOB, US $2,68 bilhões de dólares. E é aqui que queremos chegar! Observando o valor das exportações, é nítido perceber a importância que a carne bovina possui para a relação comercial entre Brasil e China. Entretanto, nos últimos dias, a comercialização desse produto entre os dois países, têm sido afetada.


Mas antes de descobrir o porquê, se você caiu aqui de paraquedas e não sabe quem nós somos, bem, vou te explicar um pouquinho! A Orbe Consultoria Internacional, é uma Empresa Júnior de Relações Internacionais com o intuito principal de permitir com que empresas como a sua, alcancem o cenário internacional da forma mais descomplicada possível. Estamos presentes no mercado há 17 anos, contribuindo para transformar o desejo de internacionalização em possibilidades reais. Tirar o projeto do papel e de fato alçar voo no comércio internacional é o grande sonho de muitas empresas, concorda comigo? E é para isso que estamos aqui. Nossa essência é ajudar você a impactar!


Bom, agora que eu te contei um pouco quem somos, bora falar sobre o que está rolando com as exportações de carne para a China?


O mal da vaca louca


No dia 4 de setembro de 2021, foi confirmada a presença de dois casos do mal da vaca louca em frigoríficos do Mato Grosso e Minas Gerais, principais Estados produtores de carne bovina do país. Devido ao acontecimento, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) fez um anúncio suspendendo, em um período de 60 dias após a detecção da doença, as exportações de carne bovina com destino à China. Nesse sentido, toda a mercadoria que sairia do Brasil rumo a potência asiática, deveria ser estocada e armazenada.


Mesmo tendo identificado apenas dois casos, a suspensão foi importante devido aos riscos que a doença pode trazer para o ser humano. A encefalopatia espongiforme bovina, conhecida popularmente como doença da vaca louca ou mal da vaca louca, é uma enfermidade que afeta o sistema nervoso central de bovinos e bubalinos. Ela é provocada por uma forma infectante de uma proteína (príon). O rebanho pode entrar em contato com a doença por meio do consumo de ração infectada, já para o ser humano, a principal forma de transmissão é por meio do consumo da carne contaminada. Casos assim acendem um alerta. No grande surto que ocorreu no Reino Unido nos anos 90, a doença provocou sérios estragos. Na época, a carne foi banida das escolas e prateleiras do país. Vários países tiveram que suspender a compra da carne Britânia com medo da doença ser transmitida aos consumidores.


No caso brasileiro, o MAPA atendeu a um protocolo sanitário firmado com a China, que prevê a interrupção do comércio em caso de identificação da doença, ainda que os casos no Brasil não apresentem risco de contaminação. No final das contas, segundo a OIE - Organização Mundial de Saúde Animal, os dois casos encontrados no Brasil são de risco insignificante para os seres humanos pois, a doença da vaca louca diagnosticada, desenvolveu-se de forma atípica, ou seja, surgiu naturalmente através de mutações genéticas em animais com idade mais avançada e não por contaminação do alimento que é dado ao rebanho, portanto não indicam infecção em todos os animais.


Mas por que a demora para a retomada das exportações?


Mesmo com o laudo negativo de transmissão da doença, as exportações já superam os 45 dias de suspensão e ainda não há expectativas de retomada. O retorno das transações só irá acontecer quando o Governo chinês der o OK. Há alguns fatores que explicam essa demora. Em agosto de 2021 as importações da carne do Brasil aumentaram 10% se comparado ao mesmo período no ano de 2020. Dessa forma, a China ainda conta com um estoque de carne brasileira em seu mercado interno. Porém, mesmo com esse saldo, o país dificilmente conseguiria sustentar esse estoque por muito tempo, tendo em vista o grande consumo interno de carne bovina e a necessidade de se realizar mais importações.


Diante desse cenário inicial, é fácil perceber como esse bloqueio tende a prejudicar o consumo de carne na China, caso continue sendo estendido por muito mais tempo. Além de tudo, nenhum outro país tem potencial de abastecer o mercado chinês como o Brasil. A China também importa da Argentina e do Uruguai, porém, a quantidade ainda é bem menor se comparada a relevância brasileira. Contudo, não é só a China a única prejudicada. De acordo com estimativas da Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA) cedidas ao jornal El País, se a suspensão durar até o fim do ano, o Brasil terá perdas de até R$10,1 bilhões de reais.


Muito provavelmente, a China também esteja segurando o retorno das importações para forçar uma desvalorização do preço internacional da carne, pois quando se deixa de comprar, acaba-se induzindo uma queda no valor do produto. Além disso, como bons negociadores, os chineses devem usar a suspensão para barganhar melhores preços e até mesmo renegociar contratos com o Governo brasileiro. Outro ponto crítico que contribui, em menor escala, para o impedimento da continuação das exportações, se refere aos intensos ataques e ofensas que o Presidente Jair Bolsonaro fez em diversos de seus pronunciamentos e postagens em suas redes sociais ao Governo chinês, acusando-o de estar envolvido com a disseminação do vírus da Covid-19.




A situação do Brasil diante da suspensão...


Os esforços do Brasil têm se direcionado à armazenagem e acondicionamento de toda carga de produtos bovinos que ficaram retidos nos portos brasileiros. No documento do MAPA, fica determinado que os estabelecimentos fabricantes e processadores de carne bovina habilitados a exportar para a China, realizem a estocagem de produtos bovinos congelados em containers dotados de equipamentos geradores de frio. Porém, com mais carne no mercado interno, além de toda infraestrutura para enfrentar os gastos com refrigeração de vários contêineres parados nos portos sem autorização de embarque, o preço da arroba do gado deve despencar ainda mais. Segundo levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), a cotação do boi gordo chegou a R$267,80, o menor valor diário desde 30 de dezembro do ano passado.


Infelizmente as rotas de escape ainda são poucas. Primeiramente, o escoamento dessa carga para consumo no mercado interno não reflete a queda internacional dos preços, ou seja, o consumidor final mal sente o impacto e continua pagando caro pelos diversos cortes da carne bovina. Outra saída seria a exportação da mercadoria parada para outros países importadores do produto, porém, assim como a China, Indonésia, Irã e Filipinas estão com as compras de carne brasileira suspensas; Arábia Saudita e Egito suspenderam por um tempo, mas aos poucos já estão retomando o comércio. Já a Rússia, suspendeu por hora a compra de carne bovina advinda de Minas Gerais e do Mato Grosso, Estados nos quais foram encontrados os casos da doença da vaca louca.


Por fim, o que nos resta, é esperar por novos pronunciamentos do Governo chinês para retornarmos com a prosperidade das exportações de carne bovina do Brasil para o gigante do leste asiático!


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